A VOLTA DE LAMPIÃO (Valeriano Félix)
:
Muitos sábios deste mundo
Dizem com fé e verdade
Que os mortos também retornam
Dos confins da eternidade
Vindo pagar neste mundo
Até a última maldade.
Em um centro de renome
Lá no Rio de Janeiro
Lampião baixou um dia
Trazendo medo ao terreiro
Pois a morte não lhe tem
Na tumba prisioneiro.
A alma vagando errante
Não achou lugar no céu
No purgatório também
Um lugar ninguém lhe deu
Para ficar nos infernos
Lucifer não atendeu.
Vagabundo e padecente
Andou, andou sem parar
Baixando aqui e ali
Com sede de se vingar
As almas de seus algozes
Sempre mais a torturar.
E num médium desvairado
Baixou xingando os presentes
Em um dava pontapés
E noutro cravava os dentes
E dizia nomes feios
Daqueles mais repelentes.
E o dono do terreiro
Rezava preces aos céus
Dizendo: - Seu Lampião,
Grande crimes são os seus
Vá pro espaço, maldito,
Que não “sois” mais do que Deus.
E dizia Lampião:
- Mas quede o meu punhal?
Meu rifle papo amarelo
Me tragam por bem ou mal
Metarei quem me matou
Seja cabo ou general
Dê-me sangue, dê-me sangue,
O meu suave licor
Do sangue que derramei
Trago na boca o sabor
Fui ceifado pela morte,
Mas sou cabra de valor.
Sou fantasma nos caminhos
Do meu sertão sempre amado
Com meus punhos para o ar
Eu espero atormentado
Que surja na minha frente
O fantasma de um soldado.
E o médium destruía
Toda coisa que encontrava
A alma de Lampião
Desse modo é que baixava.
Dizendo que nem na morte
A ninguém não se encontrava.
(...)
O trecho acima foi extraído do cordel A VOLTA DE LAMPIÃO, do poeta sergipano Valeriano Félix dos Santos, editado pela Prelúdio, antecessora da Luzeiro, de São Paulo.
Em breve, a Luzeiro estará relançando mais esse cordel do extenso filão enfocando o Rei do Cangaço, na vida e na morte.
Outros títulos de interesse:
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO PURGATÓRIO
O GRANDE DEBATE DE LAMPIÃO COM SÃO PEDRO
A VOLTA DE LAMPIÃO AO INFERNO
A BRIGA DE LAMPIÃO COM ANTÔNIO SILVINO NO INFERNO
O ENCONTRO DE LAMPIÃO COM ADÃO NO PARAÍSO
LAMPIÃO E MARIA BONITA NO PARAÍSO TENTADOS POR SATANÁS
Muitos sábios deste mundo
Dizem com fé e verdade
Que os mortos também retornam
Dos confins da eternidade
Vindo pagar neste mundo
Até a última maldade.
Em um centro de renome
Lá no Rio de Janeiro
Lampião baixou um dia
Trazendo medo ao terreiro
Pois a morte não lhe tem
Na tumba prisioneiro.
A alma vagando errante
Não achou lugar no céu
No purgatório também
Um lugar ninguém lhe deu
Para ficar nos infernos
Lucifer não atendeu.
Vagabundo e padecente
Andou, andou sem parar
Baixando aqui e ali
Com sede de se vingar
As almas de seus algozes
Sempre mais a torturar.
E num médium desvairado
Baixou xingando os presentes
![]() |
| Lampião e Maria Bonita. |
E noutro cravava os dentes
E dizia nomes feios
Daqueles mais repelentes.
E o dono do terreiro
Rezava preces aos céus
Dizendo: - Seu Lampião,
Grande crimes são os seus
Vá pro espaço, maldito,
Que não “sois” mais do que Deus.
E dizia Lampião:
- Mas quede o meu punhal?
Meu rifle papo amarelo
Me tragam por bem ou mal
Metarei quem me matou
Seja cabo ou general
Dê-me sangue, dê-me sangue,
O meu suave licor
Do sangue que derramei
Trago na boca o sabor
Fui ceifado pela morte,
Mas sou cabra de valor.
Sou fantasma nos caminhos
Do meu sertão sempre amado
Com meus punhos para o ar
Eu espero atormentado
Que surja na minha frente
O fantasma de um soldado.
E o médium destruía
Toda coisa que encontrava
A alma de Lampião
Desse modo é que baixava.
Dizendo que nem na morte
A ninguém não se encontrava.
(...)
O trecho acima foi extraído do cordel A VOLTA DE LAMPIÃO, do poeta sergipano Valeriano Félix dos Santos, editado pela Prelúdio, antecessora da Luzeiro, de São Paulo.
Em breve, a Luzeiro estará relançando mais esse cordel do extenso filão enfocando o Rei do Cangaço, na vida e na morte.
Outros títulos de interesse:
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO PURGATÓRIO
O GRANDE DEBATE DE LAMPIÃO COM SÃO PEDRO
A VOLTA DE LAMPIÃO AO INFERNO
A BRIGA DE LAMPIÃO COM ANTÔNIO SILVINO NO INFERNO
O ENCONTRO DE LAMPIÃO COM ADÃO NO PARAÍSO
LAMPIÃO E MARIA BONITA NO PARAÍSO TENTADOS POR SATANÁS
Literatura de Cordel
Enviado por Literatura de Cordel em 17/05/2006
Reeditado em 17/05/2006
Código do texto: T157717
Reeditado em 17/05/2006
Código do texto: T157717

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